O Caminho – dia 4 – a sorte de alguns bagos de arroz

Quem semeia o arroz, quem o  colhe, quem o mete nas embalagens, não faz ideia nenhuma do futuro desse arroz. O mesmo se passa com quem alimenta os pequenos perus, e quando crescem o suficiente,  os matam e mandam para o talho.

Apostava que, na maioria das vezes, são comprados por pessoas atarefadas, que os cozinham a correr, e os servem à família ou aos clientes, sem dar mais importância do que a da vulgar rotina. Isto é, na maioria das vezes, passados um ou dois dias, já ninguém se lembra do pobre peru, nem do arroz, por muito bom que o estufado estivesse ou o ponto de cozedura.

Raras são as refeições que marcam, e sortudos os grãos de arroz que conseguem ser os protagonistas de tal raridade. Às vezes, nem sempre ficam para a história os grãos de arroz mais fortes,  que se escondem no fundo do pacote e empurram os outros, para conseguirem viver mais uns dias. Mas os mais fracos, os que são empurrados para fora do pacote, cozidos e servidos com simplicidade e amizade.

Estes que comi hoje, na casa do Joaquim, que mal conhecia até ele me ter acompanhado na minha peregrinação, desde o porto até à sua casa, mesmo no caminho, uns kms mais a Norte, foram uns sortudos! Ficam para a história.

Nada sabe tão bem como quando é partilhado com amizade e generosidade. E esses sentimentos tornam coisas simples em coisas muito valiosas para quem as recebe.

O arroz estava no ponto, Joaquim. E o estufado divinal. As cervejas, o gelado e o café souberam pela vida. Mas o que me soube melhor nem foi o almoço.

Foi ser acompanhado durante uma parte da viagem por um amigo. Foi ter uma casa à disposição e uma gata pipoca a cheirar-me todo e a pedir festas. Foram as tuas histórias de aventuras por todo o mundo. Foi termos amigos comuns. Coisas simples, dadas de forma simples

Com isto acho que já estou a ficar com saudades de casa e das minhas gatas.

Obrigado Quimi’s. O meu caminho está a ser cada vez melhor

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